quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Condor Semi Acústica JC 501


Olá amigos, para a postagem da coluna "Diário de um Strateiro" referente ao mês de Dezembro, trago essa magnífica Condor  ilustrada pelo nosso amigo e colaborador do blog Erich Von Farah (conforme explicado antes, nessa coluna irei abrir um espaço para outros instrumentos, acredito que o que está realmente em jogo nessa coluna é o testemunho, a experiência com as variadas ferramentas musicais, essa é a grande relevância do diário) e nesse caso temos outro clássico!  Fiquem com a narrativa do Fernando, abraços!


Olá pessoal, recentemente adquiri uma Condor JC 501 e muitos amigos me questionaram sobre o modelo em questão, devido a isso resolvi contar um pouco das minhas impressões, então vamos lá:

Nome: Condor 
Modelo: Semi Acústica
Serie: JC 501
Madeira do corpo: Mogno
Madeira do braço: Mogno - Set in
Escala: Rosewood
Hardware: Black
Corpo - Shape: Semi Acústica padrão ES335
Número de casas: 22
Configuração dos captadores: H/H
Captadores: Humbucker cerâmicos 
Controle: 1 Volume - 1 Tone
Cores: Natural, Cherry (ambas cores opacas/sem brilho)
Fabricação: Made in China
Fabricante: Condor





- Construção/Acabamento

Trata-se de uma semi acústica "padrão" no estilo Gibson ES-335, contendo um bloco central sólido.
O corpo e braço são de Mogno asiático, porém com uma qualidade acima da média do que encontramos em guitarras chinesas; o acabamento permite que notemos a qualidade da madeira e a construção do instrumento, que na minha opinião, é muito bem feito. 

Não existindo falhas, rebarbas, defeitos ou qualquer coisa do tipo; ponto positivo para a Condor.



Esse é o segundo modelo que eu adquiro, sendo o primeiro com o acabamento Cherry - "avermelhado", que acabei precisando vender depois de um tempo.

O modelo que possuo atualmente, acabei fazendo algumas modificações estéticas para ressaltar o visual da guitarra, que ao meu ver faltava um "up".





- Timbre:

O timbre não foge do padrão, é encorpado e cheio de graves como toda boa semi acústica. Apesar de ser um instrumento mais utilizado em Blues e Jazz, é uma guitarra bem versátil que pode ser encaixada em qualquer estilo musical,apenas é preciso se atentar para estilos que exijam muito ganho em overdrives, o que acaba gerando uma microfonia (principalmente se estiver muito próximo do amplificador).

Os captadores são simples e não tem nada demais, de imediato me agradaram, porém pela estrutura da guitarra, um upgrade nessa parte é necessário.


- Pontos positivos:

O principal diferencial dessa guitarra é a construção, sendo ela de uma qualidade muito acima da média, só que por um preço muito menor em relação a suas concorrentes (Epiphone Dot, Epiphone Studio, Crafter, Tagima, Shelter, Hofma, etc).


- Pontos negativos:

As tarraxas são um pouco folgadas e não seguram muito a afinação, com um bom aperto nos parafusos isso melhora um pouco, mas a troca delas (junto a um nut da graphtech ou de osso) melhoraria muito o problema em questão.

Os captadores são simples demais para uma guitarra que tem uma construção como essa, portanto captadores com uma boa qualidade deixarão a guitarra falando alto!


- Conclusões

Resumindo tudo o que eu disse até agora, é uma guitarra com uma excelente construção que com pequenos ajustes se torna um instrumento para a vida toda. 






Erich Von Farah

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Final de ano e o Natal...


Pois é galera, o Natal chegou e foi assim que eu tentei salvar o espírito natalino aqui em casa com minha família, toquei Silent Night vestido de papai noel com toda a coragem e empenho. Espero que gostem! Um feliz Natal a todos e que em 2016 possamo estar aqui juntos escrevendo novos posts sobre outras guitarras! Abração!



Song: Silent Night
Guitar: Ibanez r540 Made in Japan - 1992
Gear: OCD, DOD 308 YJM, Delay Mooer, Boss NS-2

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

As 5 melhores Stratocaster brasileiras dos anos 2000


Olá amigos, dando continuidade na sequência de postagens intitulada "The Big Four", quando iremos focar apenas nas melhores Stratocasters produzidas aqui e tentar selecionar as melhores de todos os tempos das chamadas "Made in Brazil" e para estimular o número de acessos de leitores apaixonados pelas vintages brasileiras, abordaremos nesse mês de Dezembro a temática das cinco melhores de cada década onde farei uma série de três postagens sobre as melhores Stratocasters brasileiras de todos os tempos, considerando as décadas de 80, 90 e anos 2000, no final juntaremos as quinze que foram postadas nos três posts e tentar selecionar as quatro melhores de todos os tempos no melhor estilo "The Big Four".

Dessa forma, essa é a terceira e última parte de um total de três posts, para quem quiser acompanhar a primeira parte que abordou as cinco melhores dos anos 80 e a segunda parte que abordou as cinco melhores dos anos 90, basta clicar aqui:



Vamos as cinco melhores Stratocasters brasileiras dos anos 2000:

Tagima Stratocaster 635:



Essa Tagima é a "famosa" 635 do final dos anos 90 e início dos anos 2000 que o pessoal costuma idealizar na internet dizendo que é Fender porque foi feita pelo Seizi, mas a partir dos anos 90 os instrumentos eram construídos na fábrica e eram supervisionados pelos funcionários que utilizavam maquinário para produção em larga escala, ou seja, não eram feitas pelo Tagima. Essa do início dos anos 2000 (mais precisamente 2002 conforme carimbo e datação no braço e tróculo) marcam exatamente o período associado à fabricação de instrumentos através da produção industrial (em larga escala) e já não eram mais construídas manualmente e artesanalmente uma a uma pelo próprio Seizi Tagima em sua oficina, conforme muitos instrumentos foram construídos por ele apenas por encomenda em meados dos anos 80, período pré industrial da empresa. 

Walczac Stratocaster WZ815:




A Walczak Stratocaster é sem dúvidas um dos melhores instrumento construídos em solo brasileiro do século XXI, além de apresentar qualidade superior em relação à construção e ao acabamento, o instrumento ainda vinha com hardware de ótima qualidade (o que é raro em instrumentos Made in Brazil) vinham com captadores e ponte Wilkinson. É o melhor custo x benefício que você irá encontrar, pois se trata de um instrumento barato com grande potencial: se você estiver perto de conseguir uma, não pense duas vezes, você não irá encontrar outro instrumento melhor nesse preço.

Tagima Edu Ardanuy Signature:



O modelo que me refiro é o das primeiras que surgiram logo no início dos anos 2000 antes da Fender proibir o uso do Big headstock, eram instrumentos que vinham com apenas três captadores Single e ponte Wilkson com dois pinos/pivôs.

Tagima Edu Ardanuy Signature Black E1 (Edição Limitada):





Instrumento raro de se encontrar construído entre Agosto e Setembro de 2014 (apenas 20 unidades foram construídas e estão numeradas com direito a certificado de autenticidade da própria Tagima) com rigorosa seleção de madeiras, a empresa também se preocupou em construir à mão cada exemplar das 20 unidades descartando o uso de maquinário destinado aos instrumentos inferiores e produzidos em larga escala, estando assim dentro do maior controle de qualidade. Guitarra desejada por muitos, feita para músico profissional nenhum botar defeito e aos colecionadores mais exigentes do mercado.

Como vocês podem ter notado, estão postadas apenas quatro das cinco melhores Stratocasters dos anos 2000, sinceramente estou com dificuldades de encontrar o quinto modelo, pois não queria apelar aos Luthieres e trabalhos manuais customizados que se fazem por esse Brasil, por isso peço que me mandem sugestões.

William de Oliveira


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

As 5 melhores Stratocasters brasileiras dos anos 90


Olá amigos, dando continuidade na sequência de postagens intitulada "The Big Four", quando iremos focar apenas nas melhores Stratocasters produzidas aqui e tentar selecionar as melhores de todos os tempos das chamadas "Made in Brazil" e para estimular o número de acessos de leitores apaixonados pelas vintages brasileiras, abordaremos nesse mês de Dezembro a temática das cinco melhores de cada década onde farei uma série de três postagens sobre as melhores Stratocasters brasileiras de todos os tempos, considerando as décadas de 80, 90 e anos 2000, no final juntaremos as quinze que foram postadas nos três posts e tentar selecionar as quatro melhores de todos os tempos no melhor estilo "The Big Four".

Dessa forma, essa é a segunda parte de um total de três posts, para quem quiser acompanhar a primeira parte que abordou as cinco melhores dos anos 80, basta clicar aqui:



Vamos as cinco melhores Stratocasters brasileiras dos anos 90:


Giannini Stratosonic Pro





A Giannini Pro foi lançada em meados dos anos 90 (mais para o início) concomitante ao lançamento da Fender Southern Cross no Brasil, também construído na planta da Giannini. Acredito que tenha sido lançada praticamente no mesmo período para competir mercado com a Fender Southern Cross, causando um pequeno problema em razão disso. Como as pessoas preferiam comprar a Southern Cross em razão do logo Fender no headstock, em teoria é bem provável que a Giannini Pro tenha dado uma "encalhada" nas vendas.. e exatamente por isso, criaram-se poucas unidades. Devido a pequena tiragem  (pequena produção) se vendeu muito pouco, hoje é praticamente impossível de se conseguir ou de se achar essa guitarra. A tiragem da Southern Cross também foi baixa, apenas 5000 unidades, embora ainda se encontre facilmente anunciadas a venda por aí. Certamente a tiragem da Giannini Pro foi bem abaixo desse número, provavelmente muito menos da metade desse número, levando em comparação os números da produção da Fender Southern Cross ditas pelo nosso saudoso Carlos Assale, presidente da empresa na época e responsável direto pela maioria desses projetos, inclusive dessa Fender em solo brasileiro.


Fender Southern Cross/Squier Series





A guitarra que quase virou lenda e promoveu inúmeras histórias (a maioria delas mentiras) e contos que chegavam ao inimaginável do imaginário humano. Ela obviamente não tem as mesma características mantidas de uma Fender americana, mas certamente é um instrumento curioso de ter. Apenas 5000 unidades foram produzidas em Cedro e Marfim e é bem verdade que um número menor ainda se mantém em circulação em território nacional. Primeiramente com o selo Squier Series e posteriormente chamada de Southern Cross, essa Stratocaster pertence sem dúvidas ao seleto grupo das cinco melhores Stratocasters produzidas no Brasil durante os anos 90. 


Golden Stratocaster





Muitas pessoas costumam associar as Golden como instrumentos ruins, mal acabados e mal construídos, não se enganem amigos, o modelo acima pertencente aos anos 90 é boa e tem construção acima da média da maioria dos padrões (ou falta de padrões) das guitarras produzidas no Brasil, especialmente pela Golden. A guitarra tem ótimo custo X benefício, infelizmente, mais um exemplo de instrumento subvalorizado em nosso país, embora eu tenha a certeza de que poucas pessoas tiveram a oportunidade de tocar ou testar uma igual. Sobre a construção desse instrumento, não há o que se possa reclamar, contrariando a lógica dos instrumentos brasileiros dos anos 90'. O shape do corpo mantém as características tradicionais de uma Stratocaster mantendo um bom padrão em relação ao design e aparência. Aparentemente, é possível identificar três peças (blocos) coladas.


Tagima Stratocaster





Essa Tagima que eu estou me referindo ainda não é a "famosa" 635 de meados dos anos 90 que o pessoal costuma idealizar na internet dizendo que é Fender porque foi feita pelo Seizi, mas as dos anos 90 já eram construídas na fábrica e eram supervisionadas pelos funcionários que utilizavam maquinário para produção em larga escala, ou seja, não eram feitas pelo Tagima. Essa do início dos anos 90 (mais precisamente 1991 conforme carimbo e datação no braço e tróculo) marcam o início de um período associado à fabricação de instrumentos através da produção industrial (em larga escala) e já não eram mais construídas manualmente e artesanalmente uma a uma pelo próprio Seizi Tagima em sua oficina, conforme muitos instrumentos foram construídos por ele apenas por encomenda em meados dos anos 80, período pré industrial da empresa. 


Dolphin Stratocaster (Pós Assale)




Unidade construída no início dos anos 90 em Mogno brasileiro e projetada inicialmente pelo nosso saudoso Carlos Assale que queria desenvolver o modelo Stratocaster em sua empresa no em meados dos anos 80, a Dolphin Stratocaster "Era Assale". O modelo dos anos 90 batizado de "Pós Assale" devido a migração de Carlos Assale para a Gianinni, não possuía mais a chave seletora diferente do convencional com três botões, onde era possível uma combinação maior entre os captadores atingindo maiores possibilidades timbrísticas nas primeiras Stratos do final dos anos 80. Após a saída de Carlos Assale para a Giannini no início dos anos 90, a Dolphin ainda continuou com a produção do modelo Stratocaster, mas já não mantinha mais todas as características do modelo da chamada "Era Assale", embora ainda tivesse o DNA de seu criador, a guitarra trazia inovações como chave seletora de cinco posições, acréscimo da palavra/termo "Strato" no logo do headstock e escudo diferentes. 





quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

As 5 melhores Stratocasters brasileiras dos anos 80


Olá amigos, quando o assunto é "Made in Brazil" o blog bomba nos acessos.. então por enquanto vai ser isso que iremos focar nesse momento (kkkk). Brincadeiras a parte, farei uma série de três postagens sobre as melhores Stratocasters brasileiras de todos os tempos, considerando as décadas de 80, 90 e anos 2000 e selecionaremos as quatro melhores no melhor estilo "The Big Four".

Para que possamos iniciar com esse post, é preciso relembrar aos leitores sobre um pouco da história das guitarras dentro do contexto brasileiro, que passou por diversos problemas para produção em série desses instrumentos, em uma época que a criatividade era mais em driblar burocracias, e menos nos instrumentos, pois a única coisa que a maioria das empresas brasileiras de instrumentos musicais fizeram foi copiar empresas de grande porte como Fender e Gibson (e mesmo assim muito mal). Vejamos alguns motivos.

Os recursos eram poucos e a dificuldade em conseguir hardware de primeira linha era muito grande. No Brasil se usava o que tinha a disposição e normalmente péssimos instrumentos eram construídos, mas isso não era uma regra e a prova é que hoje podemos encontrar instrumentos produzidos em solo brasileiro a bastante tempo atrás de muita qualidade, tanto na construção como nas madeiras utilizadas. Não é atoa que a Gibson por muitos anos utilizou o Mogno brasileiro em seus instrumentos, considerado como o melhor Mogno do mundo. Leo Fender esteve interessado no início dos anos 50 em pesquisar o uso das madeiras brasileiras em seus instrumentos, está escrito na biografia dele e acredito que tenha testado o Cedro, o Mogno e o Marfim, além de outras, decidindo pelo uso do Alder americano que na época era abundante em seu país, trazia ótimos resultados nas Stratos e não precisava importar. Falando em importar. no período da ditadura militar e até pouco tempo atrás era proibida a importação de instrumentos musicais para o Brasil. Assim, o sonho de ter uma Fender era praticamente impossível, a maioria das empresas brasileiras se empenharam a copiar os modelos mais tradicionais conhecidos: Les Paul, Stratocaster, SG, etc. E dessa forma, o mercado brasileiro foi inundado de cópias e se perdeu a originalidade dos instrumentos das décadas de 50 e 60 que foram produzidos aqui utilizando de grande esforço em obter boas guitarras de qualidade.

É verdade que tinha tudo para dar certo, pense bem: tínhamos as melhores madeiras e abundantes no nosso país, tínhamos mãe de obra barata, bons luthieres (quem achar o contrário, pesquise a história da luthieria no Brasil, e verão os nomes de peso que existiram aqui, onde foram construídos entre os anos 30 e 60 os melhores violões e instrumentos acústicos do mundo, não vou explicar nada nesse post para não fugir do tema), tínhamos um mercado que exigia bons instrumentos devido o mercado da música popular brasileira estar em alta durante esse período. O que não tínhamos? A mesma coisa que não temos agora: orgulho do Brasil e em ser brasileiro. A verdade é que deu errado, péssimos instrumentos foram feitos e a coisa toda descambou para piada atrás de piada. Mas nem tudo deu errado e algumas empresas tentaram se esforçar em fazer algo nobre, instrumentos que perduram até hoje em acervos dos principais colecionadores brasileiros. 

Vamos as cinco melhores Stratocaster brasileiras dos anos 80:


Golden Stratocaster




Essa eu já postei aqui e chamei carinhosamente de "Santo Graal" das Stratocaster brasileiras por causa da boa construção e das madeiras utilizadas nas primeiras construídas em solo brasileiro, mas que utilizavam partes de madeira e peças vindas da Coréia do Sul. Foram construídas em Alder e braço em Maple com escala em Rosewood no final dos anos 80 e início dos anos 90, acredito que seja de 89 em diante, e as últimas já não vinham mais com corpo em Alder e sim em compensado, isso mesmo, uma verdadeira tragédia com o instrumento. Também é possível encontrar variações do modelo, com o headstock pintado na cor preta e letras com o nome Golden em dourado, além da regulagem do tensor no final do braço e não no headstock como no modelo da foto acima.

Tagima Stratocaster (Pré fábrica)




Essa Tagima que eu estou me referindo não é a famosa anos 90 que o pessoal costuma idealizar na internet dizendo que é Fender porque foi feita pelo Seizi, mas as dos anos 90 já eram construídas na fábrica e eram supervisionadas pelos funcionários que utilizavam maquinário para produção em larga escala, ou seja, não eram feitas pelo Tagima. Essa de meados dos anos 80 (metade dos anos 80, de 84 em diante) marcam um período anterior à fábrica e eram construídas manualmente e artesanalmente uma a uma pelo próprio Seizi Tagima em sua oficina, muitos instrumentos foram construídos por ele apenas por encomenda. O Seizi diz em entrevista que tinha uma Fender americana dos anos 60 e que adorava aquele instrumento, e essas Stratocasters eram feitas com escala em Jacarandá, alguma dúvida que ele buscava inspiração em tentar reproduzir essa Fender? Eu não tenho nenhuma.

PS: Eu tinha várias fotos dessa Stratocaster no meu antigo notebook que queimei, se alguém me conseguir uma foto que seja de Tagima dos anos 80 Strato eu posto aqui.

Giannini Stratosonic AE08s




Talvez a Stratocaster mais bonita e de madeiras mais nobres construída em solo brasileiro. Existem poucas e raríssimas unidades circulando por aí e as mais bem conservadas se encontram no acervo dos principais colecionadores de guitarras vintages brasileiras. De vez em quando aparecem algumas poucas modificadas e customizadas com escudo e captadores modernos e que geralmente o pessoal exagera e pede na casa dos dois mil reais no site do Mercado Livre ou OLX. Guitarra pertencente a metade dos anos 80 e descontinuada na década seguinte, infelizmente não se trata de uma inovação ou criação da Giannini, o modelo foi copiado dos Japoneses que tinham lançado na década anterior as guitarras Maya e El Maya com exatamente essa conexão e desenhos das partes utilizadas com essas lindas madeiras.

Dolphin Stratocaster (Era Assale)




Unidade construída no final dos anos 80 em Mogno brasileiro e projetada pelo nosso saudoso Carlos Assale que queria desenvolver o modelo Stratocaster em sua empresa, a Dolphin. Possuía chave seletora diferente do convencional com três botões, onde era possível uma combinação maior entre os captadores atingindo maiores possibilidades timbrísticas do instrumento. Após a saída de Carlos Assale para a Giannini no início dos anos 90, a Dolphin ainda continuou com a produção do modelo Stratocaster, mas já não mantinha mais todas as características do modelo da chamada "Era Assale", embora ainda tivesse o DNA de seu criador, a guitarra trazia inovações como chave seletora de cinco posições, acréscimo da palavra/termo "Strato" no logo do headstock e escudo diferentes. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Um pouco de história: Giannini Stratosonic Pro - Made in Brazil 90'


Olá amigos, a guitarra que trago hoje para a coluna "Um pouco de história" pertence a um grupo seleto das melhores Stratocasters já construídas em solo brasileiro, e afirmo, sem dúvidas nenhuma: é a melhor Stratocaster construída pela Giannini, desbancando todas as suas antecessoras. Como cheguei a tal conclusão? Através de um método muito simples utilizado pelo cientificismo popular: a comparação. Nesse caso, comparei a Giannini Stratosonic Pro com dois modelos construídos pela Giannini no mesmo período (anos 90). A Fender Southern Cross (construída pela Giannini) e a Giannini Stratosonic do mesmo período.




A Giannini Pro foi lançada em meados dos anos 90 (mais para o início) concomitante ao lançamento da Fender Southern Cross no Brasil, também construído na planta da Giannini. Acredito que tenha sido lançada praticamente no mesmo período para competir mercado com a Fender Southern Cross, causando um pequeno problema em razão disso. Como as pessoas preferiam comprar a Southern Cross em razão do logo Fender no headstock, em teoria é bem provável que a Giannini Pro tenha dado uma "encalhada" nas vendas.. e exatamente por isso, criaram-se poucas unidades. Devido a pequena tiragem  (pequena produção) se vendeu muito pouco, hoje é praticamente impossível de se conseguir ou de se achar essa guitarra. A tiragem da Southern Cross também foi baixa, apenas 5000 unidades, embora ainda se encontre facilmente anunciadas a venda por aí. Certamente a tiragem da Giannini Pro foi bem abaixo desse número, provavelmente muito menos da metade desse número, levando em comparação os números da produção da Fender Southern Cross ditas pelo nosso saudoso Carlos Assale, presidente da empresa na época e responsável direto pela maioria desses projetos, inclusive dessa Fender em solo brasileiro.




Mas ninguém pode dizer que a Giannini não tentou: para conquistar os clientes e fazer um pouco mais de frente para as Southern Cross do mesmo período, as guitarras eram muito bem construídas e saíram de fábrica com um hardware diferenciado, os captadores eram os EMG Select e esses eram dez vezes superiores aos limitadíssimos single coil em cerâmico equipados nas Fender Southern Cross para o mercado brasileiro.




Analisando alguns aspectos, chegou-se a conclusão: a Giannini Pro bate as duas na maioria dos critérios.

Aspectos avaliados:

Construção: Aqui a Giannini Pro bateria as outras duas por apresentar, na minha opinião, melhor encaixe entre as partes e melhor construção em relação ao corpo e ao shape do braço, tornando-a mais confortável.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 7,0




Acabamento: Nesse item a Giannini Pro (apesar de ter uma linda cor) perderia para as outras SC. O modelo avaliado possui uma linha marcada indicando a junção dos blocos de madeira, problema também aparente na grande maioria das Giannini Stratos dos anos 90, ainda não vi isso nas Southern Cross, mas é possível que também possa ver o problema.

G.Pro: Nota 7,0
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 7,0


Shape do corpo: Nesse quesito a Giannini Pro bate fácil as outras duas. Levei em consideração o shape padrão da Stratocaster criada pela Fender, foi utilizado então o conceito da Fender dos anos 50' e 60' respectivamente.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 7,0


Shape do braço: Aqui a Giannini Pro e Southern Cross empatariam. Possuem o shape do braço muito semelhante.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 8,0
G.Stratosonic: Nota 6,0




Headstock: Levando em consideração o recorte do headstock, a Southern Cross ainda apresenta um conceito melhor que as duas Gianninis.

G.Pro: Nota 7,0
Southern Cross: Nota 8,0
G.Stratosonic: Nota 7,0




Hardware: Aqui a Giannini Pro ganharia de goleada. Os captadores EMG Select vinham de fábrica e sem dúvidas era o grande diferencial da guitarra, conforme dito anteriormente, precisava ter algum atrativo extra para competir com a Southern Cross. Ganha em definição de harmônicos, atack, ganho e timbre.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 7,0
G.Stratosonic: Nota 5,0




Madeiras: As madeiras utilizadas pelas três foram quase as mesmas: Cedro no corpo e Marfim no braço. Disse quase porque a Giannini Pro tem uma diferença, a escala em Jacarandá, proporcionando aquele timbre mais gordo em razão dessa madeira, ajudado pelo empurrão dado pelos captadores da EMG Select.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 7,5





Timbre: Fica injusta a comparação quando a Giannini resolve equipar de fábrica a guitarra com os EMG Select e nos outros dois modelos captadores single coil cerâmicos da pior qualidade. Aqueles da Giannini Stratosonic 90' que imitavam os Lace Sensor na aparência eram horríveis.

G.Pro: Nota 8,0
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 5,0

Conforto: Empate técnico entre a Southern Cross e a Giannini Pro. A Giannini Stratosonic 90' ganha nota 6,0 porque o braço é muito gordo, totalmente desconfortável de tocar, a menos que você se acostume.

G.Pro: Nota 7,5
Southern Cross: Nota 7,5
G.Stratosonic: Nota 6,0


Peso: Como usaram praticamente as mesmas madeiras, com exceção da escala da Giannini Pro, possuem as três guitarras praticamente o mesmo peso, havendo pouca diferença entre um modelo e outro.

Empate técnico.

G.Pro: Nota 7,0
Southern Cross: Nota 7,0
G.Stratosonic: Nota 7,0

--


Conclusão

Como vocês podem ver, dos dez critérios avaliados, a Giannini Pro venceria em pelo menos cinco dos critérios listados acima (construção, shape do corpo, hardware, Madeiras e Timbre), perdendo apenas para a Southern Cross em um critério, que possui o recorte do headstock mais padronizado que a Giannini Pro e a Giannini Stratosonic 90' (ambas possuem o headstock semelhante). A guitarra do post pertence ao acervo da coleção particular de Leonardo Soares, admirador e profundo conhecedor das guitarras vintages brasileiras com quem aprendo diariamente sobre todos os instrumentos. Ele carinhosamente me emprestou para eu testar e avaliar (conhecer) o instrumento. Sendo sincero, claro que me surpreendeu porque eu nem sabia da existência dessa guitarra. Foi o próprio Leonardo quem me apresentou essa raridade e pode me contar um pouco mais sobre as histórias desse instrumento. Eu nunca tinha visto antes, nem em catálogos da época e muito menos à venda. O Leonardo também me disse que essa guitarra não saiu nem nos catálogos da Giannini da época, apenas em alguns livretos de cifras que se comprava antigamente nas bancas de revista. O período dela nós deduzimos pela proximidade com a Giannini Stratosonic dos anos 90 e por conhecermos um pouco a história da empresa.




Se alguém tiver essa guitarra em casa e quiser vender, entre em contato com o blog, preciso urgentemente dela no meu acervo kkkk




Brincadeiras a parte, vou seguir garimpando por aí para ver se dou sorte e encontro uma dessas para mim, é isso galera, por enquanto é só!

William de Oliveira

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Qual o futuro da guitarra Stratocaster?




Pois é amigos leitores do blog, a gente sabe que a cada ano que passa fica mais difícil imaginar instrumentos musicais com belas madeiras e isso fica cada vez mais como coisa do passado. A dificuldade atualmente de se encontrar corpos de Stratocaster em duas peças é cada vez maior, e se você quiser algo diferenciado, terá de recorrer a instrumentos vintages ou as atuais e caríssimas Custom Shop. O Alder tão abundante na America do norte em tempos remotos, também parece estar com os dias contados, e a Fender sabe disso. Cada vez mais existe um controle rigoroso e resistências por todos os lados a cada árvore cortada, seja lá fora ou dentro do nosso país, fazendo com que as empresas adotem novos "conceitos" nem sempre aprovados pelos consumidores. O Mogno brasileiro, atualmente proibido do corte, por muitos anos prevaleceu como escolha entre empresas brasileiras e estrangeiras. Hoje, não pode mais haver corte e seleção de Mogno, apenas de madeiras que já estavam cortadas e estocadas em período anterior a criação das normas de regulamentação do corte do Mogno e que são guardadas atualmente como ouro dentro de um cofre. São toras, pedaços, cortes cobiçados pelas grandes empresas e por pequenos luthieres que utilizam esses pedaços para concertos e trabalhos em geral. A cada década, mais raro e caro fica de se encontrar e isso deve-se à cobiça do homem frente ao desmatamento. O homem desmatou e por muitas gerações não replantou, nunca ouve nenhum tipo de preocupação ou planejamento como existe atualmente com o reflorestamento. As entidades responsáveis pela fiscalização dificultam o corte e cada vez mais encarece as empresas, que se preocupam em criar novas ideias para seus instrumentos.




Foi pensando nisso que a Fender, em parceria com a empresa Ernest´s Cardboard desenvolveram um conceito de um instrumento totalmente inovador, feito com papelão. Isso mesmo amigos, papelão, mas não se assustem, é apenas um conceito e não significa que será esse o futuro dos instrumentos musicais, pelo menos não quero estar vivo para ver isso. A verdade é que a empresa Ernest´s Cardboard são especializadas em criação de objetos em papelão e já desenvolveram de tudo o que você pode imaginar. O desafio então, foi criar uma Stratocaster juntamente à Fender que fosse "funcional", e assim o fizeram parecer: funcional. 




Com a ajuda dos profissionais da Fender Custom Shop, recriaram todos os shapes criteriosamente nos mínimos detalhes para simular corpo e braço em papelão de uma Stratocaster nos melhores padrões oferecidos pelo setor Custom Shop da empresa. O conceito moderno é novador e cabe ressaltar que ninguém ainda havia desenvolvido nada parecido do tipo. Esteticamente irá satisfazer a alguns e criar muita polêmica pelos quatro pontos do mundo, fico imaginando o quanto leve deve ser esse instrumento, Pode parecer propaganda da Fender, mas os renomados luthieres do setor Custom Shop da empresa se surpreenderam com o resultado, não que tenha ficado maravilhoso, mas porque realmente o resultado final foi interessante: ao tocar, se parecia com uma Stratocaster. 




O timbre, conforme consta no vídeo de divulgação, se pareceu muito próximo a uma Stratocaster, interessante que se ninguém soubesse, certamente diriam que o som se parece a uma Stratocaster "normal". Acho que a Fender criou esse conceito e apostou na criatividade e nos materiais da Ernest´s como um termômetro para testar o grande público, além de causar grande repercussão para a empresa, serviria para ver a opinião dos seus consumidores.




Fico pensando na resistência inicial que teria esse projeto se colocassem em prática, pensei a primeira vista que ninguém compraria e que seria totalmente reprovado por parte dos consumidores. Mas depois me veio outra coisa na cabeça, o que aconteceria se algum endorser resolvesse assumir o instrumento como "seu som" e adotasse o conceito? Pronto. Teria seguidores, como tudo no mundo. E é assim que nascem novas "religiões" e novos defensores diariamente.




A posição do blog quanto ao assunto é muito simples, não vamos criticar. Pois para criticar, é preciso passar pelas experiências, ter visto ao vivo e testado o instrumento, ter o prazer de fazer alguns acordes para poder sentir sua sonoridade e seu timbre, enquanto não houver essa oportunidade (e acho realmente que isso não vai acontecer tão cedo, pois é apenas um conceito e a Fender não dará continuidade nessa ideia por esses anos vindouros) não se pode emitir opiniões concretas e aceitáveis/razoáveis. É por isso, que fica aqui registrado nossa curiosidade pelo modelo, e que os professor pardais de plantão possam tentar recriar em casa. Guitarra de vidro, de plástico, transparente, MDF.. isso tudo já existe e não tem mercado, as pessoas não se interessam. E o papelão vai ter? Assistam o vídeo divulgado no Youtube:



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Um pouco de história: Fender Stratocaster Jeff Beck Signature






Olá amigos, venho a publicar na coluna "Um pouco de história" algumas características, peculiaridades e curiosidades sobre as Fender "Jeff Beck", popularmente conhecidas mundialmente pelo reconhecimento de um dos maiores guitarristas de todos os tempos, e claro, a Fender não deixaria passar. Para o mês de novembro, abordaremos então um pouco sobre a história das Fender Stratocaster Signature Jeff Beck. Primeiro ano de fabricação da Signature Jeff Beck: 1991. Popularmente, o instrumento tem o famoso braço "taco de beisebol", por ser o mais encorpado feito pela Fender até hoje, inclusive sendo mais encorpado que as demais Jeff Beck sucessoras, também mais encorpado que a Tele Nocaster 51 e a Stratocaster Custom Shop NoNeck. As sucessoras de meados dos anos 90 também saíram com o braço encorpado, porém mais fino que as primeiras de 1991.


Atualmente o setor Masterbuilt da Fender fabrica um modelo reedição baseada nesse primeiro modelo de 1991. E é vendida por U$6300. Poucas pessoas sabem realmente da história desse modelo, que foi uma das primeiras Signatures fabricadas pela Fender. Na época elas eram fabricada pelos grandes luthiers da Fender que hoje fazem parte do setor Masterbuilt da empresa (Fender Custom Shop), como por exemplo, John Cruz e Tood Krause. Em 1995, com o surgimento do setor Custom Shop (o que de melhor existe na Fender é encontrado lá, tanto em termos de mão de obra humana, como em termos de seleção de madeira, construção e hardware), os principais nomes foram transferidos e não mais atuaram na fabricação deste modelo. A Fender Signature Jeff Beck é comercializada até hoje como um dos principais instrumentos produzidos pela linha Signature, as primeiras unidades construídas em 1991 são consideradas altamente colecionáveis, assim como as primeiras Eric Clapton, que existem desde 1989.





A Fender parou de usar esse nut em 1992, que é de fabricação da Wilkinson, pra usar o LSR (menor), assim como em 1999 a Fender parou de usar os captadores Lace Sensor (da fábrica LACE) e passou a desenvolver os seus próprios captadores sem ruído. Reparem na ausência de String Tree.



Jeff Beck Signature 1993 com captadores Lace Sensor



Sobre a ordem de produção dos captadores da linha sem ruídos, primeiro a Fender desenvolveu os Vintage Noiseless, depois o Hot Noiseless (com ímã cerâmico), posteriormente veio o SCN (Samarium Cobalt Noiseles) e depois o N3, que é a terceira versão melhorada do modelo Vintage Noiseless. 














As Stratocasters Fender Jeff Beck Signature de 2000 pra cá vêm equipadas com os Hot Noiseless instalados de fábrica, as Eric Clapton Signature vem com o set de Vintage Noiseless.








A Fender Stratocaster Plus, lançada em 1987 é a guitarra que originou a Stratocaster Signature Jeff Beck. Por isso, muitas pessoas ainda confundem o modelo Signature Jeff Beck com a linha Stratocaster Plus.

As três diferenças são :

1) A Jeff Beck tinha braço grosso "mais encorpado", enquanto a Plus era Modern C;

2) A Jeff Beck vinha com dois Lace Sensor com opção de ligar em série formando um "quadbucker" (cada lace já tem duas bobinas) tendo assim mais saída e som mais gordo;

3) A Plus vinha com case de fibra ABS no formato da guitarra com a logo PLUS na tag, e a Jeff Beck com case de madeira quadrado com revestimento Tweed e interior em plush laranja;





Equipando as Fender Stratocaster Plus, na versão normal com três Lace Sensor Gold, e a Fender Stratocaster Deluxe Plus, com o modelo do Lace Sensor Red na ponte, Silver no meio e Blue no braço, que são modelos de saída mais alta e som mais encorpado e menos brilhante, e vinha com escudo perolado. E também teve a Fender Stratocaster Ultra, que era um modelo acima destas.


A logo era "transition" até 1994, a partir de 1995 passou a ser a Spaguetti do começo dos anos 50. Até 1994 vinha com tarrachas Sperzel, de 1995 para frente passou a vir com Schaller/Fender.



Tarrachas Sperzel




Por volta de 1992 saiu de linha esse modelo de rollernut. Dentro desse roller nut ainda existem duas variações, até 1989 era aquele com inclinação na E A e D, e tem o inteiro alto de 1990 até parar de ser usado.



Encontrei no Google essa imagem ilustrativa da diferença da alavanca (tremulo) do modelo Jeff Beck para um modelo Reissue, fica evidente a curvatura acentuada no modelo Signature, mantendo as características fiéis do modelo utilizado por Jeff Beck, segundo pude averiguar.